sexta-feira, 14 de maio de 2010

Entrevista om Henrique Goldman, diretor do filme Jean Charles*


Um filme para celebrar a vida e mostrar como é o dia a dia dos imigrantes brasileiros em Londres. Esse foi o objetivo do diretor Henrique Goldman ao filmar Jean Charles, longa estrelado por Selton Mello, que mostra as dificuldades enfrentadas e também alguns trambiques cometidos por quem quer permanecer na capital inglesa. Jean Charles de Menezes é o eletricista brasileiro que foi morto pela polícia britância no metrô, ao ser confundido com um terrorista muçulmano, em 2005. Goldman lançou mão de não atores, inclusive pessoas próximas a Jean, como a prima Patrícia Armani e o ex-chefe Maurício Varlotta, que interpretam a si mesmos na trama. O filme ainda traz atuações de Vanessa Giácomo (Vivian), Luís Miranda (Alex) e participação de Daniel de Oliveira (Marcelo).

O ator Selton Mello fez questão de ir ao local em que Jean foi morto, mas parece que você não queria isso...
Eu queria que os atores vivenciassem as experiências dos personagens, mas não queria que ele pensasse muito na morte do Jean Charles. Queria que isso viesse para o Selton como elemento surpresa.

Como surgiu a ideia do filme?
Logo que o Jean foi assassinado, fiquei muito tocado. E como outros habitantes de Londres, pensei que isso poderia ter acontecido comigo, que sou brasileiro e, embora judeu, tenha cara de árabe. Depois de ouvir as mentiras da polícia sobre as razões que levaram os policiais a dar sete tiros, fomos conhecer os familiares de Jean. Contar a história virou uma necesssidade.

Que mensagem você espera que o filme transmita?
Eu quero que esse filme celebre a vida do Jean e das comunidades brasileiras no exterior.

Fale sobre 0 cuidado que vocês tiveram ao retratar a vida de uma pessoa que existiu.
O filme foi feito em colaboração com a família de Jean. Li oroteiro para os primos e para o irmão, e o filme foi mostrado quando o estávamos editando. Negociamos mudanças.

A participação de Patrícia Armani no filme traz um pouco mais de realidade à trama?
Sim. Houve uma troca de experiências muito importante entre a Patrícia e os outros não atores, que faziam o papel de si mesmos, e com os atores profissionais, que os ajudaram a atuar. Na verdade, os profissionais também foram ajudados a entrar nos personagens.

Quantos não atores participaram do filme?
Em papéis importantes, só a Patrícia e o Murício.

O seu desejo é que o filme passe a quem o assistir uma mensagem alegre...
É, o filme fala a respeito de uma tragédia, mas ao pesquisar a vida de Jean Charles descobrimos que ele era engraçado, mulherengo, gostava de piada e até um pouco picareta, no bom sentido da palavra.

O fato de Jean Charles ter se tornado uma pessoa conhecida garante público ao filme?
Eu acho que o público quer um bom filme. Só o que pode garantir a presença do público é a qualidade e o boca a boca.

* Adaptado do original publicado no jornal A Tribuna em 26 de junho de 2009.

2 comentários:

  1. Parabéns pela entrevista! O filme é muito bom e merece ser visto.

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  2. Eu ainda tenho que assistir o filme, mas como imigrante brasileiro imagino em boa parte as coisas que o rapaz teve que passar. Aqui nos Estados Unidos as autoridades estão cada vez mais no calcanhar dos imigrantes, mas eu nunca fui incomodado por ter cara de americano rsrs.
    Super matéria, parabéns.

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