sexta-feira, 30 de abril de 2010

Gentileza - Uma voz pela solidariedade

Cinquenta e seis murais pintados em pilastras de concreto do Viaduto do Caju, no Rio de Janeiro, trazem a mensagem de alguém que foi mal-interpretado por muitos na época em que peregrinava pelas ruas com seu estandarte, mas que hoje é visto como profeta: José Datrino, o Gentileza. Em uma extensão de 1,5 quilômetro, seus escritos formam um grande livro urbano, com sequência lógica. A confecção começou nos anos 80 e terminou no início da década seguinte.

É esse personagem carioca que Glória Perez homenageou na novela Caminho das Índias, na qual José Datrino é interpretado por Paulo José. Aliás, a autora aproveitou os escritos deixados pelo profeta para compor o texto da trama.

Com o mote "gentileza gera gentileza", o profeta, mesmo após sua morte, em 1996, mostra ao mundo que suas mensagens são atuais. Mais do que nunca, as relações humanas precisam ser mais fraternas.

"Gentileza era um sábio, tinha uma percepção da realidade diferente da nossa. E era um místico também. Todos os profetas não foram reconhecidos emsua época", afirma Leonardo Guelman, professor do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense, coordenador do projeto Rio com Gentileza e autor dos livros Univvverrsso Gentileza (Editora Mundo das Ideias) e Brasil Tempo de Gentileza (Editora Eduff).


IDENTIFICAÇÃO
Paulo José não poderia estar mais feliz ao interpretar Gentileza. "Gravei na rua, na Cinelândia, na Rodoviária, enfim, no Centro do Rio. As pessoas aplaudiam porque o personagem despertava muita simpatia", afirma.

Para compor o personagem, Paulo José leu textos e obras a respeito de Gentileza, além dos próprios escritos de Datrino. Aliás, os relê sempre. "Ele gostava de repetir vogais e consoantes, e isso o tornava engraçado. Ele dizia que amorrr (com três erres) era o amor universal e vvvida (com três vês) uma existência superior e não a comum", conta o ator.

"Parecia um louco, mas na verdade era revoltado contra o egoísmo. Dizia coisas contundentes em relação ao capital, ao qual chamava de capeta", finaliza Paulo José.

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
Sobre Caminho das Índias, Guelman afirma que ficou feliz ao saber que o ator Paulo José havia sido escalado para dar vida ao Gentileza. "Devemos entender o Gentileza além do maluco beleza. A novela difundiu a sua mensagem para outros lugares do País". No Rio, está na moda vestir a camiseta com a frase Gentileza Gera Gentileza.

No disco Memórias, Crônicas e Declarações de Amor (2000), Marisa Monte gravou a música Gentileza, desua autoria, que homenageia o profeta. O livro de Guelman, Univvverrsso Gentileza, já foi adaptado para o teatro, com direção de Júnior Perim e Vinícius Daumas, e o roteiro de Gambo Júnior. Além disso, Dado Amaral e Vinícius Reis dirigiram o curta Gentileza, em 1994.

Biografia

José Datrino nasceu em Cafelândia (SP) em 11 de abril de 1917, e até os 20 anos trabalhou como lavrador. Desde os 12 anos, achava que teria família, filhos e bens, mas em 1937, foi para São Paulo e durante quatro anos não deu notícias. Depois, migrou para o Rio de Janeiro, casou-se e teve cinco filhos. Estabeleceu-se com uma transportadora, mas a partir de uma revelação, após a queima de um grande circo em Niterói, assumiu uma nova identidade: Jozze Agradecido, ou Gentileza. Foi internado em clínicas psiquiátricas, e nesses locais fazia a sua pregação. Nos anos 60, apresentava-se como representante de Deus, anunciando um novo tempo, e aos poucos tornou-se figura popular. Nunca aceitou dinheiro, mesmo assim rodou por todo o País e ficou ainda mais conhecido. Nos anos 70, percorreu vários jornais para levar a sua palavra. Nos anos 80 e 90, pintou os painéis que o consagraram. Faleceu em 29 de maio de 1996, aos 79 anos.

FONTE: BRASIL TEMPO DE GENTILEZA, DE LEONARDO GUELMAN


* Adaptado do original publicado no jornal A Tribuna em 14 de abril de 2009.

terça-feira, 27 de abril de 2010

As obras de André Vianco


Conhecido por suas histórias recheadas de mistério e aventura, que atraem a atenção dos jovens, o escritor André Vianco fala um pouco sobre o seu 13º livro, O Caminho do Poço das Lágrimas, editado pela Novo Século.


Embora a obra tenha se originado de uma história de ninar que contava a suas filhas, o autor diz que os elementos do enredo, trabalhados durante quatro meses, atraem um público diversificado. Definindo-se como um escritor gótico, Vianco diz que a melancolia presente em outras obras suas está na atual, que é uma fábula.

"Há um questionamento sobre a nossa finitude, a morte e a importância do contato com as pessoas. O livro procura mostrar que morrer é mais natural do que nascer. Portanto, não fique preocupado com o dinheiro, com o possuir. Após a morte, só levamos sentimentos".

O desenrolar da história de O Caminho do Poço das Lágrimas é imprevisível. "As pessoas que leram o livro disseram que o final é impactante. Não era para ser uma obra de suspense, mas os leitores sentiram isso".


De olho nos jovens

Segundo Vianco, a literatura compete com os jogos de RPG, os videogames e a internet. "O público jovem brasileiro se encanta muito com causos, tipo a história do padre que vira lobisomem. Nós temos a tradição de contos populares de fantasia, e tento inserir isso na literatura".

Em 1998, Vianco escreveu o primeiro livro, O Senhor da Chuva, e em 2000 publicou a obra Os Sete, de forma independente, já que as editoras não apostavam nesse mercado (histórias de terror e fantasia).

Em 2001, o sucesso do livro lhe abriu as portas da Editora Novo Século, onde já vendeu mais de 400 mil exemplares. "Minha obra é focada na aventura, no mistério, e não no terror, embora eventualmente ele possa aparecer", diz o escritor, que durante três anos se dedicou às histórias de vampiros.


Cinema

Mesmo engajado na literatura, Vianco não deixa de lado sua outra paixão: o cinema. Ele quer transformar um de seus nove romances em longametragem. O processo está em fase de captação de recursos por meio da Lei Rouanet. Quem quiser conhecer melhor o trabalho de Vianco como diretor pode acessar o site www.youtube.com.br/andrevianco.

Site oficial: www.andrevianco.net/



Adaptado do original publicado no jornal A Tribuna em 22 de novembro de 2008.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Em Santos, Surpresa em Dobro na Sessão Desconto do Cinemark


A comédia Surpresa em Dobro, dirigida por Walt Becker e protagonizada por John Travolta e Robin Willians, está em cartaz na Sessão Desconto da Rede Cinemark no Praiamar Shopping. Até 29 de abril, sempre às 15h, o espectador poderá assistir ao longa na promoção pagando apenas R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia) pelo ingresso, em qualquer dia da semana – incluindo sábado e domingo.
Dan (Robin Williams) e Charlie (John Travolta) são dois amigos e sócios que têm suas vidas viradas de ponta-cabeça, quando precisam cuidar, por duas longas semanas, de dois gêmeos de seis anos de idade.

Serviço
Praiamar Shopping: Rua Alexandre Martins, 80 – Aparecida

domingo, 25 de abril de 2010

Bruna Caram, o frescor de uma jovem cantora


Ontem, fui ao show de Bruna Caram no Sesc Santos. Como já conhecia algumas músicas, esperava ver o que os vídeos no Youtube já haviam me mostrado. Mas a jovem cantora, de apenas 22 anos, parece guardar um mistério que aos poucos ainda será revelado.

Embora apresente uma boa desenvoltura ao cantar (e não apenas cantar, mas interpretar a letra - o que já é um diferencial se considerarmos a massificação do meio musical), ela ainda parece tímida ao conversar com o público, ao agradecer a presença. Tímida, porém feliz. É um charme, sem dúvida.

Voltando aos dotes artísticos da moça, vale a pena conferir. Sua voz delicada e bem afinada atinge notas altas de uma forma que aos leigos parece muito difícil.

No repertório de seu atual show, Feriado Pessoal, há de tudo: músicas alegres, músicas lentas, que falam de amor, ou que simplesmente narram o cotidiano de uma pessoa comum. Para quem gosta de releituras, vale prestar atenção em Fera Ferida (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos) e Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor (Lô Borges/ Márcio Borges).

Quatro músicos acompanham a cantora no show, cujo cenário é bem simples: uma rotunda de retalhos de tecido, nada mais.

Muita gente poderia pensar como uma garota de 22 anos parecer ter tanto apuro, preparo musical e talento? A resposta: ela não é nenhuma novata. Bruna canta profissionalmente desde a infância, quando fez parte do grupo Trovadores Mirins (versão infantil dos Trovadores Urbanos), dos 7 aos 18 anos. Sua avó, Maria Piedade, era cantora e sua família promovia saraus e rodas de choro.

Bruna já lançou dois álbuns pela Dábliu: Essa Menina (2007) e Feriado Pessoal (2009).
Saiba Mais:
Site oficial: www.brunacaram.com.br/

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Entrevista: Maurício Ianês *

Já que neste ano haverá a 29ª Bienal de São Paulo (de setembro a dezembro, no Parque do Ibirapuera), que tal relembrar o artista plástico que chamou a atenção do pavilhão na última edição ao ficar nu, na performance A Bondade de Estranhos? A seguir, uma entrevista bem bacana com Maurício Ianês.

Destaque da 28ª Bienal de São Paulo, realizada em 2008, o artista plástico santista Maurício Ianês, chamou a atenção e causou espanto em muitos visitantes com a performance A Bondade de Estranhos, que apresentou de 4 a 16 de novembro daquele ano. Tudo por conta de sua nudez, utilizada como parte do processo do trabalho.

Durante a performance, Ianês não pôde se comunicar com ninguém, dormia no prédio da Bienal e tomava banho no vestiário do pavilhão. Sem roupas, comida ou bebida, ele dependia das doações do público. Não foi a primeira vez que o artista ficou nu em performances.

Em 2007, na Galeria Vermelho, da qual faz parte do casting, apresentou a performance Zona Morta, no festival Verbo. Durante três horas, ele permaneceu deitado no chão, nu e coberto por 16 quilos de glitter dourado. Em entrevista por e-mail, o artista fala sobre a experiência na Bienal, a sua carreira no mundo da moda e a relação com Santos.

Como surgiu a idéia de ficar nu na 28ª Bienal de São Paulo? O que pretendia?
Ficar nu fazia parte do processo do trabalho, mas nunca foi a idéia central dele. A proposta era chegar à Bienal completamente desprovido de quaisquer bens e em silêncio absoluto, deixando ao cuidado do público a minha sobrevivência por meio de doações. Eu me transformaria num espelho das ansiedades, dos desejos e das necessidades do público. O trabalho também pretendia tecer uma rede de relações sociais mantidas sem o uso da linguagem, e isso também aconteceu. No final, as pessoas se apropriaram do espaço criado, tornando-o um lugar de encontros, conversas, onde eu ficava apenas de mediador silencioso. Por vezes, foi difícil ficar calado, mas me acostumo fácil ao silêncio.

Como você encara as doações feitas pelos visitantes da Bienal? O brasileiro é solidário?
Isso foi incrível. Recebi não só alimento, bebida e roupa, mas também cartas de encorajamento. Não acho que esse trabalho seja uma boa medida para analisarmos a solidariedade do brasileiro, pois ele estava contextualizado dentro da Bienal. Sei, no entanto, que muita gente passou a repensar as suas atitudes em relação à pobreza e à vida na rua depois desse trabalho. Sei disso por meio das cartas que me foram doadas.

Quantas doações foram feitas? Qual foi a mais esquisita?
Não sei exatamente quantas peças foram doadas, ainda não as contei. Um dos princípios do trabalho é que eu não julgaria as peças doadas. Posso falar quefiquei muito felizcom uma marmita quente de arroz e vegetais assados. Quando abri e vi a refeição, quase chorei, eu quesouvegetariano.

Achava que sua performance geraria tanta repercussão?
De modo algum. Fiquei chocado.

Quem ainda vai à bienal, pode conhecer o seu trabalho por meio da exposição Área de Silêncio/Área de Monólogo/ Área de Diálogo - uma instalação composta por três peças de vinil adesivo preto cortadas a laser e coladas no chão. O que representa?
Esse trabalho é composto por espaços delimitados no chão, cada um com a sua forma e ligado à área respectiva (silêncio, monólogo e diálogo), que estão ali para serem ativados pelo público, ou criarem a expectativa de ativação.

Como a moda surgiu na sua vida?
Por acaso. Conheci Alexandre Herchcovitch na faculdade, ficamos amigos e acabamos dividindo uma casa. Comecei a me meter nos seus trabalhos de faculdade e faço isso até hoje, só que profissionalmente.

Como foi trabalhar com a direção de criação da Zapping e da Authentic Vision Brasil (AVB), além de ter sido consultor de estilo de Walter Rodrigues e ser colaborador de Alexandre Herchcovitch?
Minha experiência com a Zapping começou como um dos projetos mais interessantes que eu trabalhei, mas infelizmente terminou numa das situações mais desgastantes da minha vida. AVB foi um projeto interessante que também foi abortado. Trabalhar com o Walter foi um grande prazer, ele é um estilista muito especial. E o meu trabalho com o Alexandre é uma grande experiência. Temos liberdade de pesquisa e criação.

Durante seis meses, você participou de uma residência na Cité Internationale des Arts, em Paris, e por dois meses esteve no Quartier 21, em Viena. O que fez na França e na Áustria?
Foram duas residências artísticas que tive esse ano. Foram bolsas de trabalho que recebi, com ajuda de custo local para morar e desenvolver meus projetos artísticos. As duas experiências foram muito enriquecedoras, especialmente a da França, pois no final participei de uma exposição na Galerie Vallois, em Paris.

Qual a sua relação com Santos, além de ter nascido na Cidade? Faz visitas com frequência?
Saí de Santos aos 18 anos para morar em São Paulo e estudar. Guardo boas lembranças da Cidade, que já visitei mais. Mas agora, saindo da Bienal, preciso recarregar as minhas baterias com a minha família, andar na praia no final de tarde e sentar próximo ao mar para ler na Ponta da Praia. Adoro o Orquidário também. Ele ainda funciona? Espero que sim.

* Adaptado do original publicado no jornal A Tribuna em 24 de novembro de 2008.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Gabriel Villela faz a sua versão de Calígula, clássica e sem atores nus*


Calígula - o implacável imperador romano que perde os limites do poder, da liberdade e da razão após a morte de sua irmã e amante Drusilla - está de volta ao teatro. Desta vez, a obra do escritor franco/argelino Albert Camus (1913-1960) foi montada com texto do dramaturgo e jornalista Dib Carneiro e direção de Gabriel Vilella. Thiago Lacerda interpreta o imperador.


"Não há no Brasil nenhum ator com mais capacidade física, inteligência ou juventude do que Thiago para chegra fazer um minotauro em cena, como é o Calígula", diz o dirtor sobre a escolha. O convite para ser o protagonista da epça chegou a Thiago por meio da atriz Walderez de Barros, que preparou vocalmente o elenco.


"Eu estava buscando, para minha carreira, alguma coisa que fosse como o Calígula, mas não sabia como isso ia acontecer. Precisava de outro tipo de papel que ainda não havia feito, queria vasculhar outros caminhos", arremata o ator. "O convite me encheu de prazer e orgulho. Me senti desafiado e topei de imediato a empreitada. O momento pelo qual estou passando tem sido revelador".


Completam o elenco Magali Biff (Cesônia), Pascoal da Conceição (Cherea), Jorge Emil (senador romano e Ruffus, poeta), Rodrigo Fregnan (Hélicon), Pedro Henrique Moutinho (Scipião, poeta) e Ando Camargo (intendente do tesouro romano e Metellus, poeta).


Sem Nudez


Ao contrário do filme Calígula (1980) e da montagem teatral brasileira com Edson Celulari, na década de 90, a nova versão não terá artistas nus no palco, nem cenas de orgias. De acordo com o diretor, o texto de Carneiro Neto não pede esse tipo de exposição.


"A peça trata de um outro contexto. Não existe a possibilidade de qualquer ator tirar a roupa. Na verdade, eles estão desnudos à palavra".


O figurino é assinado por Villela, em parceria com Maria do Carmo Soares. "É impossível um diretor de teatro ter um senso da totalidade da obra e não conhecer a pele do personagem", justifica Villela.


Antes mesmo de as roupas estarem prontas, Villela adiantou aos atores como seria o figurino, o que os auxiliou no processo de composição do personagem.


Estilo


Caracterizando-se como um diretor barroco, Villela é daqueles que economizam nos recursos cênicos a favor da valorização do texto e das metáforas. O roteiro de Dib Carneiro baseia-se na versão francesa da obra de Camus e busca torná-lo erudito e não tão coloquial como já aconteceu em outras versões de Calígula.


"Existe uma economia consciente e objetiva de elementos que o Gabriel propôs para a peça. É um espetáculo feito para o ator e para a palavra", acredita Thiago Lacerda.


Niilismo


Calígula é a terceira peça de uma trilogia niilista (escola que nega a ordem social estabelecida e conceitos tradicionais) dirigidas por Villela que teve início com Esperando Godot, original de Samuel Beckett (1906-1989), e Leonce e Lena, de Karl Georg Büncher (1813-1837).


Em agosto de 2008, todos os atores se reuniram no sítio do diretor, em Carmo do Rio Claro (MG). Foi lá que receberam o texto da peça e iniciaram pesquisas para a composição dos personagens. Também assistiram à série Roma, que, segundo os atores, serviu como um bom exercício dramatúrgico e fonte de referências. Somente no final de setembro é que os ensaios se iniciaram.


* Calígula vai reestrear em junho e viajará pelo país até dezembro deste ano.


Adaptado do original publicado no jornal A Tribuna em 27 de novembro de 2008.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Oscar Filho e seu Putz Grill...*


Oscar Filho, repórter do programa Custe o que Custar (CQC), da Band, continua em cartaz com o seu show solo de humor, Putz Grill...

"É um show despretencioso", define o humorista. "Tenho por objetivo ver as pessoas rirem, dividir com elas algumas histórias pessoais e dizer o que penso sobre certas coisas. O público me verá sem terno, não tem nada a ver com o CQC. Estarei com a cara limpa e com a roupa do corpo".

Desde 2005, Oscar Filho faz parte do grupo Clube da Comédia Stand Up, onde começou a fazer humor sem figurino ou personagens, ao lado de Danilo Gentili e Rafinha Bastos, seus colegas na tevê. Marcela Leal e Marcelo Mansfield completam o grupo. Já a apresentação solo teve início em junho de 2008, quando já era conhecido pelos telespectadores.

"A televisão é um veículo nacional, que atinge milhões de pessoas. A divulgação do CQC também ajudou a fortalecer o meu trabalho no teatro".

Pequeno Pônei

Oscar Filho também atende por seu apelido no CQC, Pequeno Pônei, que lhe foi dado por Marcelo Tas, o âncora do programa.

"Quando o Tas foi chamar uma matéria minha, lembrou de um personagem dos quadrinhos que se chamava Pequeno Pônei, por causa do meu tamanho (mede 1,68 m). Mas sou mais alto do que ele e do que o Tom Cruise", diz, colocando humor em cada declaração.

Nas ruas, Oscar é chamado pelo apelido; no palco também. "Sempre tem alguém na plateia que grita 'Pequeno Pônei'!" No fim do show, as pessoas que vêm falar comigo também me chamam assim".

Para ver a agenda de Oscar Filho, acesse: http://www.oscarfilho.com.br/.
Para conversar com ele, siga-o: http://www.twitter.com/oscarfilho

Já o site do Clube da Comédia é o www.clubedacomedia.com.br/.

* Adaptado do original publicado no jornal A Tribuna (Santos/SP), em 29 de novembro de 2008.

O amor em versos cantados


Quando um compositor escreve uma canção de amor, há várias opções a seguir: pode-se exaltar o sentimento que se nutre pelo outro (sendo extremamente passional ou não), ou escrever algo típico da chamada música de dor de cotovelo - para quem adora curtir uma fossa, essa acaba sendo a melhor pedida.

Mas nada é tão mais bonito, na minha opinião, do que dedicar uma música a alguém e tentar depositar nos versos todo o amor que se sente por aquela pessoa. Imagine se essa pessoa for sua mãe!

Com a morte de Laura Moreira Braga, mãe de Roberto Carlos, uma canção que há algum tempo andava um pouco de lado, não esquecida, veio à tona e foi até cantada pelo Rei durante o enterro da senhora de 96 anos: Lady Laura.

Composta em 1978 por ele e pelo eterno amigo Erasmo Carlos, a música tem uma letra bem simples, nada de mostrar os sentimentos de forma sofisticada... Mas acredito que é justamente na simplicidade que está o seu segredo: em tom confessional, o rei demonstra o quanto a mãe é importante em sua vida e que suas fragilidades encontram em Lady Laura um porto seguro.

Quer declaração mais clara, direta e bonita que essa?Quem nunca teve vontade de voltar pro colo da mãe em um momento difícil? E ter a certeza de que receberia consolo?

Com a morte de Laura, algumas histórias também vieram à tona: foi ela quem ensinou ao filho ilustre os primeiros acordes no violão e foi sua maior fã e incentivadora. Ou seja, Lady Laura é também responsável por Roberto Carlos ser ovacionado por milhões hoje.

Bem, chega de conversa.
Até mais.

Lady Laura (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos)

Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você
Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
E me conte uma história bonita
E me faça dormir
Só queria ouvir sua voz
Me dizendo sorrindo
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino
Apesar de distância e do tempo
Eu não posso esconder
Tudo isso eu às vezes preciso escutar de você

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conta uma história
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura
Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me abrace forte
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura

Quantas vezes me sinto perdido
No meio da noite
Com problemas e angústias
Que só gente grande é que tem
Me afagando os cabelos
Você certamente diria
Amanhã de manhã você vai se sair muito bem
Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição
Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado, eu sorria
E, nas horas difíceis
Podia apertar sua mão

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conta uma história
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura
Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me abrace forte
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura

Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
Muito embora você sempre acha que eu ainda sou
Toda vez que eu te abraço e te beijo
Sem nada dizer
Você diz tudo que eu preciso
Escutar de você....

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ângela Maria, a eterna Sapoti *


São 58 anos de carreira, mas a cantora Ângela Maria, de 81, ainda experimenta as sensações de uma estreante quando sobe ao palco.

"Cada apresentação é nova, o público muda muito, há um público novo. Ainda sinto frio na barriga", afirma a eterna Sapoti, apelido dado a ela pelo ex-presidente Getúlio Vargas ("Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti", frase a ele atribuída).

No repertório de seus shows, canções de sucesso que estão na ponta da língua dos fãs mais fiéis: Babalu, Ave Maria no Morro, Tango para Teresa, Gente Humilde, Lábios de Mel, Cinderela, entre outras. Aliás, dentre essas composições, Angela elege a que mais a emociona: Gente Humilde.

"Tenho a impressão de que o Chico (Buarque) escreveu essa canção baseado em minha vida. Quando Chico chegou ao Brasil, logo gravou essa música. Eu ouvi, gostei bastante e agravei com ele", afirma.

Mas que elementos da canção a tornaram tão próxima da Sapoti? "A casa no subúrbio, minha mãe gostava de plantinhas, o trem que eu tomava para trabalhar...Éramos muito pobres".

Cinco músicos acompanham a cantora nos shows. Um deles está com ela há mais de 20 anos. O mais novo no grupo, há três.

"Eles tocam comigo como se estivessem em casa, fazem parte do show. Brincamos muito".

Mesmo tendo umpúblico fiel, ela garante que os jovens também vão aos seus shows, influenciados pelos mais velhos. "Eles vão ver se o que a mãe, a tia ou a avó disseram é verdade. Daí, acabam se tornando meus fãs".

CD e DVD

Ainda em segredo, Ângela não revela detalhes a respeito do novo disco e DVD que prepara.

"Não posso falar muita coisa, mas sou a única que ainda não gravou DVD. Tem que ser algo bem feito, bem escolhido. São 58 anos de carreira e não posso entregar qualquer coisa ao público", afirma, justificando a demora em fazer um trabalho em vídeo.



* Adaptado do original publicado no jornal Expresso Popular em 25 de março de 2010.

Esse cantinho...

O Reduto Cultural não pretende apenas ser um blog com informações novas a respeito das diversas manifestações artísticas, mas um local que servirá de pesquisa e acervo, a partir de matérias por mim escritas para os jornais A Tribuna e Expresso Popular (Santos/SP). Atuar como jornalista da área cultural é um grande prazer e um eterno aprendizado, que eu gostaria de compartilhar com todos os visitantes desta página.