quarta-feira, 9 de junho de 2010

100 anos de Pagu. Viva!


Patrícia Galvão. Ou simplesmente Pagu. Um apelido pequeno, dado pelo poeta Raul Bopp, para referir-se a alguém cuja vida não teve nada de diminuta.

Há 100 anos, ela nascia. Por quais motivos tanto é ovacionada? Pagu é uma daquelas mulheres que estava à frente de seu tempo. Seu comportamento poderia ser considerado atrevido por uns, vanguardista por outros.

O certo mesmo é que ela deu a sua contribuição para a sociedade. Seja na cultura, como membro do movimento antropofágico, ou na política, como integrante do Partido Comunista ou, mais tarde, defendendo o socialismo de Trotski.


Como qualquer heroína, Pagu foi presa 23vezes, a primeira ao participar da organização de uma greve dos estivadores em Santos.

Ousada também no amor, Pagu 'roubou' Oswald de Andrade de Tarsila do Amaral, pessoa que a praticamente a acolheu. Ok, não foi uma atitude muito nobre, especialmente para os idos de 1930. Concordo. Com ele, teve um filho, Rudá. O romance durou apenas 5 anos.


Separou-se de Oswald. Para a época, um escândalo, embora Pagu estivesse acostumada a provocar reações nas pessoas. Boas ou más.



Já em 1940, na companhia do novo marido, Geraldo Ferraz, volta para o jornalismo. Em 1941, tem o seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz.
Os que se intitulam agitadores culturais culturais atualmente nada fazem de novo nessa função. Pagu já fazia isso quando fixou residência em Santos, ao incentivar grupos de teatro amadores.

Antes de morrer, em 1962, devido a um câncer, tentou o suicídio. Ela viajou a Paris para tratar a doença, mas a operação não obteve o êxito que se esperava. Desesperada, tentou se matar. Mas, será que ela queria mesmo morrer?

Aliás, acredito que se a pessoa quer mesmo se matar ela consegue. Se ela não foi capaz de concluir o ato com sucesso, é porque a vontade talvez não fosse tão grande assim.

Como escritora, desenvolveu suas ideias Parque Industrial (1933), com o pseudônimo Mara Lobo; e A Famosa Revista (1945), em colaboração com Geraldo Ferraz.

Com o pseudônimo King Shelter, escreveu contos policiais na revista Detective.

Mais uma informação para completar: foi Pagu quem trouxe as primeiras mudas de soja ao Brasil.

Eles falam de Pagu

Norma Bengell dirigiu o filme Eternamente Pagu em 1988.
Rudá de Andrade produziu um documentário sobre sua mãe.
O cineasta Ivo Branco, com o documentário Eh, Pagu, Eh! (1982)
No filme O Homem do Pau Brasil (1982), Pagu aparece como personagem.
Na minissérie Um Só Coração (Rede Globo, 2004), Miriam Freeland interpreta Pagu.
Livro Pagu: Vida e Obra, de Augusto de Campos (1982)
Pagu – livre na imaginação, no espaço e no tempo, de Lúcia Maria Teixeira Furlani (2001)
Livro Croquis de Pagu – 1929 – e Outros Momentos Felizes que Foram Devorados Reunidos, de Lúcia Maria Teixeira Furlani (2004)
Rita Lee e Zélia Duncan compuseram uma música que trata da mulher forte, vanguardista, que se alia às suas ideias e não ao seu corpo para conquistar o que almeja. Pagu é o título da canção, cuja letra está reproduzida abaixo:


Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Uh! Uh! Uh! Uh!...
Eu sou pau prá toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum! Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira
Nem sou puta...

Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem

Nem!Toda feiticeira é corcunda
Nem!Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...
Ratatá! Ratatá! Ratatá!Taratá! Taratá!...

Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hanhan! Ah! Hanran!Uh! Uh!
Fama de porra louca
Tudo bem!Minha mãe é Maria Ninguém
Uh! Uh!...
Não sou atriz
Modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima

Porque nem!Toda feiticeira é corcunda
Nem!Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...
Nem!Toda feiticeira é corcunda
Nem!Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...(2x)
Ratatá! Ratatatá Hiii! RatatáTaratá! Taratá!...


Ufa! Depois de tudo isso, quem ousaria dizer que ela não teve importância?

3 comentários:

  1. Nas palavras de Oswald: "Pagú tem uns olhos moles. Uns olhos de fazer doer. ê Pagú ê, dói que é bom de fazer doer!"

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  2. Pagú não teve importância nenhuma.
    ...
    Ok, brincadeira, ela foi realmente muito à frente de seu tempo! Adoro essa canção da Rita Lee na voz de Maria Rita. E quem diria: primeira a levar soja ao Brasil??? se fosse minha pergunta na final do Show do Milhão eu teria perdido tudo rsrsrs
    Adorei a postagem e as fotos!

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  3. SIMPLESMENTE PAGU

    Perseverante, audaciosa e determinada .

    Um olhar impetuoso de uma águia

    nasce uma verdadeira Sanjoanense.

    O sol lhe aquece! Fortalece-lhe! E hora?!

    Olha para o horizonte onde não vê limites.

    Uma ave com coração árduo de mulher

    voa livre, absolutamente desnuda para vida.

    Sua pele sente a velocidade do vento.

    Chega à frente do seu tempo e grita forte

    como se pudesse colorir seu mundo cinza.

    Traz em seus braços um buquê de sonhos;

    entre gostos e desgostos deleitam-se suas vontades

    Muitas vezes em uma gaiola, como um pássaro sobrevive

    Entre lagrimas e sorrisos. Ouve-se longe seu grito! Liberdade!

    Compara-se com a força de um homem, nada lhe amedronta. 01

    É torturada. Sem medo mostra sua história nua e crua.

    Seu lado poeta se revela para todos em delírios.

    Em seus sonhos não existem obstáculos.

    Arrebente as correntes dos grilhões da história!

    Mostra a cara sem medo e chora!

    Eliza Gregio

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